Série Exposição: O Discípulo Radical

E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou, que daria o homem pelo resgate da sua alma? Marcos 8:34-37

Sermão Pregado
por
Welker do Espírito Santo

1. Quais são as condições para ser um discípulo de Cristo.


8.34a - E chamando a si a multidão, com os seus discípulo...

 Desde o começo de seu ministério terreno, Jesus teve pessoas que o seguiam. Estavam sempre perto dEle, não só servindo-o, mas observando tudo quanto fazia e ensinava à cerca do Reino e da vontade de Deus.

 Mas o que é ser um discípulo de Cristo?

 Nesta era pós-moderna, este termo "discípulo" ficou um tanto quanto banal. Simplesmente as condições que a maioria dos pastores ensina para ser um discípulo são: frequentar uma igreja, ser batizado, tomar a ceia, ser um dizimista e ofertante fiel, fazer parte de algum ministério e etc. Apesar de que tudo isto é importante e faz parte, não é o suficiente, é raso e superficial. O seu real significado é bem mais profundo e radical.

 A palavra grega "mathetes" empregada para discípulo é usada aproximadamente 270 vezes nos Evangelhos e no livro de Atos. Ela indica uma pessoa que se submete aos processos de aprendizado sob a responsabilidade de um professor. Esta palavra grega entrou nas línguas inglesa e portuguesa com o termo matemática, literalmente significa “disposto a aprender”.

 O conceito prevaleceu no AT e é exemplificado pelos “filhos dos profetas”, que foram os aprendizes que mais tarde substituíram Samuel, Elias e Eliseu. Algo semelhante ocorre mais tarde, no caso de Paulo, que foi “criado... aos pés de Gamaliel”. No NT, o termo é usado como alusão aos discípulos de João o Batista (Mt 9.14), dos fariseus (Mc 2.18) e de Moisés, indicando os seus adeptos contemporâneos de seus ensinos (Jo 9.28).

 Em um sentido amplo, Jesus usou a palavra “discípulo” como descrição de todos os seus seguidores vindo sob a influencia de seu ensino, esforçando-se para conformar-se aos seus princípios e ensinos.

 Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos.” Jo 8.31.


8.34b - Se alguém quer vir após mim...

 O Senhor Jesus faz um convite especial a todos para serem os seus seguidores ou discípulos. Ele não faz acepção de pessoas. Independente da raça, se é homem ou mulher, se é jovem, adulto, idoso ou criança, se é podre ou rico, se tem formação acadêmica ou não. Ele convida você para ser o seu discípulo.

 O discipulado é um convite pessoal. Jesus começa com uma chamada condicional: "Se alguém quer". A soberania de Deus não viola a vontade humana. É preciso existir uma predisposição para seguir a Cristo. Jesus falou de quatro tipos de ouvintes: os endurecidos, os superficiais, os ocupados e os receptivos, está escrito em Lucas 8. 1-15. Muitos querem apenas o glamour do evangelho, mas não a cruz. Querem os milagres, mas não a renúncia. Querem prosperidade e saúde, mas não arrependimento. Querem o paraíso na terra e não a bem-aventurança no céu. Jesus falou que se o homem quer construir uma torre sem calcular o custo e o general que vai a uma guerra sem avaliar com quantos soldados deve contar, é uma pessoa tola. Precisamos calcular o preço do discipulado. Ele não é barato.

 Neste texto Jesus faz o convite, mas não basta só aceitar, tem duas condições aqui para segui-lo. A primeira delas é: Negue-se a si mesmo. Versículo 34.

 As pessoas detestam obedecer ordens dos outros. Já começa dentro de casa com os pais, depois na escola com os professores e na fase adulta no local de trabalho com patrão ou chefe. Não submetem as autoridades, porque querem fazer a própria vontade. São “ego idolatras” de si mesmas. É impossível seguir a Cristo sem deixar de renunciar a vida de pecados. Negar a si mesmo significa colocar de lado ou renunciar a toda ambição pessoal e interesse próprio a favor das boas novas de Cristo relacionadas à própria vida da pessoa por um compromisso com Deus e a sua Palavra. Deus tem que ser o primeiro em nossas vidas. O discipulado é algo radical. Nós pensamos: bom, já fizemos muitas coisas radicais na vida, e estamos muitíssimos enganados! Só pelo fato de beber várias horas, bater um racha, brigas e contendas, por não cumprir as leis do Estado, por ter uma vida de crimes e rebeldias e etc., Não significa que vivemos radicalmente! A maior radicalidade que nós podemos fazer é seguir a Cristo. Cristo nos chama não para a firmação do “eu”, mas para a sua renúncia. 

 Precisamos depor as vontades do “eu” antes de seguir a Jesus. Precisamos abdicar do nosso orgulho, soberba, presunção e autoconfiança antes de seguirmos as pegadas de Jesus. Entretanto, negar-se a si mesmo não equivale à aniquilação pessoal. Não se trata de anula-se, mas de servir. Negar a si mesmo é permitir que Jesus reine supremo onde o ego tinha previamente exercido controle total. É Por isso que temos que confessar os nossos pecados, se arrepender deles e se converter ao Senhor e Salvador Jesus Cristo.

A segunda coisa que Jesus requer de nós é: Tomar a sua cruz. Versículo 34.

 Discipulado é um convite para morrer. Tomar a cruz é abraçar a morte, é seguir para o cadafalso, sofrer a pena de morte, é escolher a vereda do sacrifício. A cruz era um instrumento de morte vergonhosa. Era necessário que […] sofresse muitas coisas, fosse rejeitado (8.31). A carta aos Hebreus fala da crucificação de Jesus com termos fortes: Expondo à ignomínia (HB 6.6), o opróbrio de Cristo (11.26), não fazemos caso da ignomínia (12.13). sofreu fora da porta (13.12) e levando o seu vitupério (12.13).

 O que o condenado faz sob coação, o discípulo de Cristo faz de boa vontade. A cruz não é apenas um emblema ou um símbolo cristão, mas um instrumento de morte. Lucas fala de tomar a cruz dia a dia. Somos entregue a morte diariamente. Somos levados como ovelhas para o matadouro. Estamos carimbados para morrer.

 Essa cruz não é uma doença, um inimigo, uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz. Os monges viram nessa cruz a exigência da flagelação e da renúncia ao casamento. Essa cruz fala da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites do mundo. É considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso.

O discipulado é um convite para uma caminhada dinâmica com Cristo. Versículo (8.34) Siga-me.

 Seguir a Cristo é algo sublime e dinâmico. Esse desafio nos é exigido todos os dias, em escolhas, decisões, propósitos, sonhos e realizações. Seguir a Cristo é imitá-lo. É fazer o que Ele faria em nosso lugar. É amar o que Ele ama e aborrecer o que Ele aborrece. É viver a vida na sua perspectiva. William Hendriksen corrobora dizendo:
Aqui, o sentido de seguir a Cristo é o de confiar nele. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16) 
Caminhar em seus passos. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. (1Pe 2.21)

E obedecer ao seu comando. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.(Jo 15.14)

Por gratidão pela salvação nEle. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. (Ef 4.32-5.1).

 Paulo reafirmou esse processo de conformar-se com Cristo na sua morte. Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte. (Fp 3.10). Ele sabia que não se pode ter Jesus no coração sem carregar uma cruz nas costas.

2. O conhecimento da necessidade da renúncia (8.35)

Porque qualquer que quiser salvar a sua vida ( alma), perdê-la-á...

 O discipulado implica no maior paradoxo da existência humana. Os valores de um discípulo estão invertidos: ganhar é perder e perder é ganhar. O discípulo vive num mundo de ponta-cabeça. Para ele, ser grande é ser servo de todos. Ser rico é ter a mão aberta para dar. Ser feliz é renunciar aos prazeres do mundo. Satanás promete a você glória, mas no fim lhe dá sofrimento. Cristo oferece a você uma coroa e o conduz à glória (salvação).

Como uma pessoa pode ganhar a vida e ao mesmo tempo perdê-la?

2.1 - Em primeiro lugar, quando busca a felicidade sem Deus.

 Vivemos numa sociedade embriagada pelo hedonismo. As pessoas estão ávidas pelo prazer. Elas fumam, bebem, dançam, compram, vendem, viajam, experimentam drogas e fazem sexo na ânsia de encontrar felicidade. Contudo, depois que experimentam todas as taças dos prazeres, percebem que não havia aí o ingrediente da felicidade. Salomão buscou a felicidade no vinho, nas riquezas, nos prazeres e na fama e viu que tudo era vaidade. (Ec 2.1-11) NVI.
 Pensei comigo mesmo: Vamos. Vou experimentar a alegria. Descubra as coisas boas da vida! Mas isso também se revelou inútil.Concluí que o rir é loucura, e a alegria de nada vale.Decidi-me entregar ao vinho e à extravagância; mantendo, porém, a mente orientada pela sabedoria. Eu queria saber o que valesse a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana.Lancei-me a grandes projetos: construí casas e plantei vinhas para mim.Fiz jardins e pomares, e neles plantei todo tipo de árvore frutífera.Construí também reservatórios para regar os meus bosques verdejantes.Comprei escravos e escravas e tive escravos que nasceram em minha casa. Além disso tive também mais bois e ovelhas do que todos os que viveram antes de mim em Jerusalém.Ajuntei para mim prata e ouro, tesouros de reis e de províncias. Servi-me de cantores e cantoras, e também de um harém, as delícias do homem.Tornei-me mais famoso e poderoso do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, conservando comigo a minha sabedoria.Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa de todo o meu esforço.Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há qualquer proveito no que se faz debaixo do sol.

John Mackay fala sobre um personagem, que depois de percorrer o mundo em busca de felicidade e ter sorvido todas as taças das delícias que o mundo lhe deu, ao chegar a casa pegou uma cebola e começou a descascá-la. Ao final disse: “minha vida foi como uma cebola, só casca”.

 E quantos de nós não passamos a vida inteira se iludindo pensando que eram felizes, mas na realidade eram que nem a cebola, só cascas, só dor, sofrimento, falso bem-estar, desequilíbrios, depressivo, cheias de amargura, tristezas e vazio. Meus amados, sem Cristo não podemos fazer absolutamente nada. Sem Ele não somos ninguém! Ele é a verdadeira a alegria, paz e amor que nós necessitamos. Se Cristo não for o centro da sua vida, você está completamente perdido!!!

 2.2 - Em segundo lugar, quando busca a salvação fora de Cristo.

 Há muitos caminhos que conduzem os homens para a religião, mas um só caminho que conduz o homem a Deus. O significado de religião é religar. O homem religar à Deus. Mas isso não é possível. As pessoas tem forte tendência a seguir uma religião. Pensam que pelo simples fatos de praticar conceitos, dogmas, ritos e cerimônias, elas serão salvas. Isso é uma grande mentira do diabo. No fim vão levá-las ao inferno. "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte." Provérbios 14:12. A religião passa um ar de piedade, paz e amor, mas não mostra o quão o homem é vil e pecador e precisa ser resgatado. Colossenses 2. 20-23 NVI diz:
Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras:"Não manuseie! " "Não prove! " "Não toque! "?Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.
 Nem Buda, Maomé, Alan Kardec, G.a.d.u., Aparecida, yemanja, santos católicos ou qualquer outro líder ou deuses que recebem veneração. Nenhum deles levou sobre si os nossos pecados e muito menos morreu por nós. Só o filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo e o Caminho, a Verdade e Vida.

Versículo (8.35) Amor - Evangelho.

 Só terão vida, aqueles que amarem a Deus e o Evangelho. São esses que não amaram o mundo e não se submeteram aos seus desejos canais. Que não tiveram vergonha em viver a palavra de Deus, em ter uma vida de oração e santidade. Todo aquele que ama a Deus pratica a sua Palavra, e não com tristeza ou pesar, mas com alegria no coração. Ele sente prazer nas coisas de Deus. O seu maior desejo é agradar ao Senhor. Porque Ele o salvou. Não há mais alegria em festas, bebidas e drogas. A sua alegria é o Senhor em meditar na sua Palavra de dia e de noite.

3. Jesus pede a moeda de troca.

Versículo (8.36)

 A maioria das pessoas correm contra o vento. Buscam riquezas, famas e glória, querem se autoafirmarem e conquistar o mundo inteiro. Mas estão perdendo a alma. Todos que praticam as obras da carne estão na ânsia de ganhar o mundo. Em Gálatas (5: 19-21) NVI diz:
Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.
O que você vai herdar? O reino de Deus, ou o inferno?

Versículo (8.37)

 As pessoas são capazes de tudo para realizar um projeto, um sonho, algo que elas tanto desejam e almejam em ter. São capazes de roubar, matar e destruir. Vemos isso através da história, no jornal e em nossas ações. Eles não medem esforços e nem as consequências dos seus atos. Lutam, brigam, destroem famílias e princípios. Passam se possível até por cima de Deus. Tudo para conseguir aquilo que eles querem.

 Agora, quando o assunto é a salvação eterna. Não querem abrir mão do “eu” e tomar a cruz e seguir a Cristo. Muitas querem ser salvas, mas do jeito delas. São orgulhosas e soberbas. Elas não sabem, mas Deus não atende ao soberbo. Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. (Tiago 4.6)

 Não querem perdoar, largar a prostituição, o adultério, a cobiça, a inveja, a fofoca, o roubo, a mentira. Mas querem ser salvas.

Se observarmos, o próprio texto responde o versículo (37), temos que nega a nós mesmos, tomar a cruz, aí sim podemos e segui-lo até a eternidade.

Você está disposto a fazer isso?

Conclusão.

 Evitamos o discipulado radical sendo seletivos: escolhermos as áreas nas quais o compromisso nos convém e ficamos distantes daquelas nas quais nosso envolvimento nos custará muito. No entanto, como discípulo não temos esse direito.

 Leornad Ravenhil disse: 
"Se Deus desce à cada pessoa a oportunidade ainda em vida de ir ao céu, quando voltasse de lá faria tudo diferente aqui na Terra. Oraria mais, jejuaria mais, largaria os prazeres e deleites carnais e mundanos. Teria uma vida mais santa para a glória de Deus."
O discipulado é o mais fascinante projeto de vida.

Em Cristo,
Welker do Espírito Santo

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